Hoje meu convidado é o Dr. Ricardo Nahas, coordenador do Centro de Medicina do Exercício e do Esporte do Hospital 9 de Julho.
Se você acompanha esta coluna sabe do que estou falando. Se não acompanha, vou fazer um resumo das anteriores, algo semelhante ao início do capítulo seguinte de novelas e seriados de TV. O sentido é a continuidade da história, mas meu propósito é trocar algumas horas de TV por exercícios.
Então, nos capítulos anteriores vimos que exercícios combinam perfeitamente e trazem qualidade de vida com o decorrer da vida. Como? Melhora a função do coração, do pulmão, da circulação e a intolerância à insulina. Pouco para você?
Não me custa nada relembrar que antes (e periodicamente) você deve fazer uma visita ao médico. Essa consulta terá caráter preventivo caso você seja um iniciante. Exames serão solicitados para avaliar a sua condição de saúde atual e capacidade física, permitindo personalizar seu treino.
Se você já é um veterano, a consulta continua tendo na prevenção o seu foco. Lembre-se sempre que o corpo está em constante transformação e avaliações periódicas podem surpreender doenças. Tratamentos de início precoce sempre trazem melhor resultados.
Para o médico e o praticante (regular de exercícios) exames periódicos dão a oportunidade de checar medicações já em uso e constatar se o programa de treino está produzindo o efeito desejado. Os ajustes podem ser feitos nesse momento.
Bem, após esse “breve” intervalo comercial, voltemos ao capítulo de hoje. Ele aborda especificamente o aparelho locomotor e o que de melhor podemos tirar dele com o envelhecimento.
Para isso, faço algumas considerações iniciais sobre o aparelho locomotor para podermos conversar sobre sua saúde e irá valer para a abordagem de agora e nas futuras.
Podemos dividir (didaticamente) o esqueleto humano em axial, central ou também chamado de “core” (coração): coluna, tórax, abdômen. De mobilidade reduzida, tem por maior função e trabalho a estabilidade do corpo para o livre desempenho dos braços e pernas, o chamado esqueleto apendicular.
Esqueceu que esse esqueleto axial existe? Dê uma olhadinha para baixo e veja o volume que sua barriga faz. É o alerta para dispensar um carinho especial a esse segmento que só trabalha e só serve para nos fazer levantar e sentar do sofá ou da cadeira, muitas vezes.
Manter a chamada postura é o resultado de um trabalho adequado para o esqueleto axial.
Grande parte das dores crônicas nas costas, na lombar (a famosa lombalgia), no pescoço e ombros que sentimos tem uma causa que chamamos de mecânica. Sua origem está relacionada com a incapacidade dos músculos que servem à manutenção da postura para mantê-la.
Frequentemente não conseguimos fazer essa associação pois os sintomas aparecem em função do período de tempo necessário para desenvolver a tarefa proposta.
No início se manifesta por dores leves que desaparecem com o repouso. A medida que o tempo passa e a fadiga se instala, outros sintomas como “formigamento” aparecem e não mais desaparecem com o repouso, chegando inclusive a atrapalhar o sono.
O ciclo se torna vicioso e a busca pelo médico a salvação. E sabe o que ele vai receitar? Exercícios, sem dúvida.
Prometo que, na próxima vez, conto como evitar e como tratar esse chamado esqueleto axial para que você não seja mais uma vítima do mundo moderno. Viva mais e melhor.
Fonte: Estadão