Mesmo das mulheres que não levavam uma vida ativa. De acordo com o estudo, a frequência ideal para a prática de atividades físicas é de 4 a 5 vezes por semana
Acabaram as desculpas. Pesquisadores espanhóis da Universidade Camilo José Cela, de Madri, constataram que a prática de exercícios físicos durante a gestação pode – e deve! – ser feita por todas as mulheres, mesmo aquelas acostumadas a levar uma vida sedentária. Outro estudo, publicado no começo do ano no periódico Obstetrics & Gynecology, já havia indicado que as atividades físicas podem ser realizadas por grávidas saudáveis desde o início até as últimas semanas de gestação.
E agora, essa nova pesquisa espanhola, que foi publicada no periódico JAMA Pediatrics, esclareceu algumas dúvidas tanto sobre quais são os ganhos reais da prática de atividades físicas ao longo da gestação quanto sobre a forma como esses exercícios devem ser realizados. De acordo com os especialistas, as grávidas devem manter níveis moderados de atividade física, isto é, sustentar um ritmo vigoroso, mas sem cansar demais. O estudo determinou ainda que o ideal é combinar exercícios aeróbicos com fortalecedores, que trabalham a musculatura, em sessões de 45 a 65 minutos de duração de 4 a 5 vezes por semana.
Levando uma rotina que inclua de exercícios de intensidade moderada nessa frequência indicada, há menos chances de ganho de peso excessivo das gestantes, assim como de desenvolver diabetes gestacional e pré-eclâmpsia. A prática de atividades físicas reduz também o risco de incontinência urinária, de flacidez pélvica e de dor nas costas. Além disso, quando a grávida segue uma rotina de exercícios com regularidade, o bebê tem menos chances de nascer macrossômico, isto é, pesando mais de 4 quilos.
Vale lembrar também que, quanto melhores são as condições de saúde da mãe, menos provável é a indicação de cesárea. “Mas, independente do tipo de parto escolhido pela mulher, é muito importante fazer exercícios que possam fortalecer o assoalho pélvico. Isso porque, conforme o bebê vai crescendo dentro da barriga, ele começa a pesar sobre a região perineal e, no futuro, a pelve pode ficar mais frouxa, levando a mulher ter problemas de incontinência urinária”, explica a obstetra e ginecologista Heloisa Ferreira Brudniewski, de São Paulo (SP).
Normalmente, recomenda-se para as gestantes atividades na água, graças à redução do impacto e porque não há risco de a mulher perder o equilíbrio e cair, por exemplo. Além da hidroginástica, que é um exercício clássico para gestantes, a natação também é ótima. Atividades com mais impacto também podem ser realizadas, desde que a grávida esteja acompanhada por um profissional especializado e que o exercício seja adaptado à sua nova condição. Por exemplo, uma mulher que corre maratonas precisa diminuir o ritmo. Mas não precisa necessariamente parar de correr se estiver tudo bem.
São poucas as condições que inviabilizam a prática de exercícios físicos durante a gestação. E, normalmente, não se trata de uma doença anterior da mulher, e, sim, de algum problema ou risco particular àquela gestação. Se a gestante teve, por exemplo, sangramento vaginal com descolamento da placenta, encurtamento do colo uterino, ou se entrou em trabalho de parto prematuro, a prática de atividades físicas é desaconselhada por aumentar o risco de o bebê nascer antes da hora.
Vale lembrar também que, uma vez autorizada pelo obstetra, a prática de exercícios traz benefícios que não se limitam ao físico. Quando a mulher se exercita, o corpo libera uma série de hormônios que provocam bem-estar, as chamadas endorfinas. Elas melhoram o humor, reduzem o estresse e isso se estende também ao bebê, uma vez que cai na corrente sanguínea da mãe, por meio da placenta chegará até ele. “Além disso, a mulher que pratica atividades físicas tem mais confiança no próprio corpo, mais controle, é mais autoconsciente. E isso faz toda diferença na hora do parto, porque a deixa muito mais segura”, explica Heloisa.
Fonte: Revista Crescer